Há mais de 2 milhões de anos, uma mutação reduziu a força dos músculos mastigatórios dos ancestrais humanos. Isso pode indicar que eles estavam preparando mais alimentos, mas também possivelmente fazendo um uso mais controlado da boca. Saídas nervosas expandidas nas vértebras torácicas apareceram em Homo erectusindicando o controle da respiração em milissegundos necessário para a linguagem.
E mais tarde, com 400.000 anos Homo heidelbergensis restos mortais de Atapuerca, no norte da Espanha, tinham canais auditivos perfeitamente preservados, sintonizados nas frequências usadas na linguagem humana. Como esses hominídeos de Atapuerca eram prováveis ancestrais neandertais, há uma boa chance de que pelo menos uma forma simples de linguagem estivesse muito difundida nesta época, se não antes.
As pinturas apareceram pela primeira vez – ou foram preservadas – há cerca de 50 mil anos, mas contas e ornamentos podem ser rastreados muito antes. As mais antigas até agora são contas de conchas da caverna Es-Skhul, no Monte Carmelo, em Israel, que datam de cerca de 130.000 anos. Eles marcam a identidade pessoal e daí a ideia de que uma pessoa pode apreciar esses sinais em outra. Contas de concha ocorreram novamente em Blombos, na África do Sul, há cerca de 70 mil anos, junto com um pedaço de ocre gravado.
Os enterros têm uma antiguidade semelhante: tanto os enterros de Neandertais como os dos primeiros tempos modernos ocorreram há cerca de 130.000 anos – embora descobertas mais antigas, como os numerosos restos humanos numa caverna em Atapuerca, ou marcas de corte num crânio em Bodo, na Etiópia, possam indicar que já havia um interesse especial pelos corpos humanos. Os enterros sugerem que os primeiros humanos tinham uma forte ideia das necessidades dos outros.
Alguns enterros – tanto dos primeiros modernos quanto dos neandertais – tinham manchas de ocre vermelho nos corpos. É provável que isto tenha tido um significado simbólico. O “simbolismo” desempenhou um papel crucial em todo o comportamento humano moderno, sustentando a linguagem, a religião e a arte. Contudo, estudar as suas origens apresenta armadilhas, porque outros animais parecem capazes de usar símbolos, como quando um chimpanzé oferece uma folha cortada a outro.
A linha entre tais “sinais” e símbolos é facilmente confusa. Mas a projeção de símbolos no mundo exterior na forma de objetos materiais é um passo mensurável, desde que sobrevivam. As contas e os enterros estão entre as primeiras evidências de comportamento que podem, na verdade, ter tido origens muito mais profundas.
A Grande Fuga (100.000 anos atrás)
Há mais de 100 mil anos, os primeiros humanos modernos começaram a expandir-se para fora de África, conduzindo à maior diáspora da história da humanidade. A variação no ADN humano moderno preserva sinais geográficos que nos dizem algo sobre os movimentos populacionais passados. Melhor ainda, o ADN fóssil pode ser isolado de espécimes ósseos com até cerca de 50 mil anos de idade em climas frios, e por vezes até mais antigos.
Os resultados confirmam que os Neandertais eram uma espécie verdadeiramente separada, com os seus antepassados a separarem-se dos nossos entre 500 mil e 700 mil anos atrás, e a viver até cerca de 40 mil anos atrás.